Inoportuno

De vez em quando eu me pego pensando em você. Ah, quem eu quero enganar quando digo que te esqueci? E como te esquecer se você está em cada coisinha do meu dia-a-dia? Se qualquer palavra sussurrada tem o timbre da sua voz? E aí volta tudo, desde o seu sorriso de canto até o meu arrepio na espinha.


E aí tudo volta: o cheiro do shampu, a textura da barba, a força do abraço, a delicadeza do beijo, as costas largas, o dedo torto, o nariz quebrado, o infinito dos olhos, a cicatriz no queixo, a falha na sobrancelha, o sexo, o banho, o sexo no banho, na sala, no quarto, na cozinha, no escritório, você em mim, cada porra de pedacinho meu que tem você e o pedaço meu que você levou de mim.

Eu juro: eu te esqueço a maior parte do dia. Mas logo agora, quando eu finjo que não estou tentando usar outro homem para te substituir, foi você quem me deixou molhada quando ele sussurrou no meu ouvido.

É, eu estou fodida.

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